Na constante inconstância de um time em formação, o Internacional seguiu a toada no Campeonato Brasileiro: somou pontos e manteve a invencibilidade no comando de Mano Menezes. Recortada do contexto, a frase seria um senhor “passa-pano”. E isso, caro leitor, não seria gentil de minha parte. Nessa brincadeira de corda elástica, o time colorado avança e retrocede no mesmo ritmo. Aos 35 do segundo tempo de partida no Alfredo Jaconi,  já partia para a fôrma o entendimento de que mesmo com o resultado favorável, a produção ofensiva vermelha deixava a desejar. 

Então, o cruzamento que encontra a cabeçada certeira de Oscar Ruíz traz o pior cenário da noite (desperdiçar pontos contra time debaixo da tabela) e lança luz ao que parece voltar a preocupar os colorados: as laterais. Renê foi protagonista no lance que culminou no gol adversário. É da vida. Um lance em movimento, rápido, com bola em curva. Tudo bem, acontece. Mas ao que tudo parece, Renê, de atuações discretas – nada mais do que isso –, dessa vez teve falha individual. Pelo outro lado, Bustos, que busca regularidade nas atuações e com dificuldades defensivas notáveis, teve problemas quando agredido pelo setor – muitas vezes exposto ao mano a mano.

A dor de cabeça que já teve nomes como Paulo Victor, Heitor, Moisés, Enzo Saravia – e até Gabriel Mercado – estaria voltando? As laterais seguirão sendo reduto de aconchego para os atacantes adversários? Eu até não acho uma desgraça toda. Pelo contrário; observava tímido progresso de Bustos – que vai melhor atacando – e do próprio Renê, que alterna bons e maus momentos na mesma partida. O fato é que o Internacional vem de temporadas em que seus laterais mantêm nível de nota 6 para baixo. 

Não estou execrando um jogador por erro individual de marcação, pela perda de dois pontos ou por ambos. Fosse assim, muitos teriam ficado pelo caminho e sequer cumpririam o contrato de experiência da CLT. Oscilar todos vão, mas deixo aqui um ponto de exclamação sobre os caras dos lados. Bustos foi atacado constantemente, mas quem errou em lance capital foi o recém-contratado camisa 33. O sistema defensivo tem funcionado bem desde o início de trabalho da nova comissão técnica, mas necessita de ajustes; em especial uma cobertura mais eficaz dos volantes do time, embora todos devam contribuir quando a equipe perde a bola.

Lá no início usei a expressão “time em formação” – mais um ato provocativo do que crença na afirmação. Dito de outra forma, estamos no quinto mês do ano e mesmo que haja pouquíssimo tempo para treino em razão do calendário, a torcida que tem sido marcada pelo eletrocardiograma – ora crendo no “agora vai", ora vociferando o “grupo fracassado de 17” – não vai tolerar por muito tempo perder pontos bobos como os dois preciosos deixados na fria Caxias do Sul. Todos sabemos que o Internacional ainda não é confiável e que vai depender do melhor rendimento de Taison e Edenílson, que vai depender a curto prazo do novo articulador Alan Patrick, do David do Fortaleza e não o de agora, etc. Alemão, de início promissor, vai precisar lidar com maior assédio dos defensores que virão pela frente. Vai precisar compreender que quando estiver marcado deverá usar a inteligência para abrir espaço a seus companheiros que vêm de trás, etc. A lista é longa e Mano sabe disso. A curva não é descendente, o time é que é médio. O problema é que há uma amostragem inicial de que a equipe pode mais. Pena o empate, pois transfere naturalmente para o colorado a exigência de vitória contra o líder no próximo fim de semana. Não é amor e ódio, não é confiança e hostilidade, não é tudo errado e no outro instante “vamos ganhar do Liverpool". O time precisa melhorar e manter os aspectos positivos que vêm apresentando precocemente. Vitão pode ser um deles, Carlos de Pena outro.


Rodrigo Rocha


Imagem: Site das Lojas Americanas

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