Que o Internacional tentaria jogar pela dignidade no Mineirão todos sabiam. Exagero essa afirmação? Receio que não por entender que é preciso ser honesto quando tratamos de projeção. Enfrentar a sensação do futebol brasileiro em seus domínios – e na estreia – é uma dessas coisas que ninguém deseja quando tem seu time em formação, em declínio técnico ou com alguma bagunça administrativa. No caso do Colorado, o gabarito é cem por cento.

O time bem que tentou conter o ímpeto atleticano. Na demonstração de que pode voltar atrás em suas convicções, Cacique Medina colocou Liziero mais uma vez como lateral e deixou Gabriel na primeira linha de volantes ao lado de Edenílson. Depois mudou. E mudou de novo. O gol cedo talvez tenha desmanchado a estratégia para a delicada partida que viria. Mercado, que teve sua escalação justificada pela estatura na partida diante do 9 de Octubre, teve atuação menos desastrosa do que aquela diante dos equatorianos. Mas o Galo não joga com bola área, e sim pelo chão. E bem, por sinal. Enfim, não vou tentar entender a cabeça do Cacique, que já dá sinais de desordem em grau preocupante.


Não foi uma catástrofe completa a estreia no Brasileirão. Foi no Equador. E quando ouço o termo que dá título às bobagens que estou dizendo aqui, venho esclarecer de forma didática as reais intenções de seu emissor. Não chama atenção somente o cabelo de maestro de Emílio Papaleo, vice de futebol colorado. Suas palavras me lembram os sofistas da Grécia antiga que vagavam pelo vazio da retórica.


Perguntado pelo colega Eduardo Gabardo, da Rádio Gaúcha, sobre as pretensões do Internacional para o campeonato brasileiro, Sr. Zin disse que “entende a angústia, a aflição do torcedor”, mas que não tomará decisões no futebol de “afogadilho". Ou seja, traduzindo para o torcedor, ele apenas quis dizer que o número 42 vira 43 no final do ano, portanto, mais uma temporada sem título nacional. Nenhuma decisão será tomada assodadamente, nada no calor do momento, mas devidamente articulado no tempo e no espaço. Sensacional!


O processo de autodestruição de uma instituição centenária segue a minúcia e o rigor técnico para que nada dê errado. Os vexames (não vou elencar, você já sabe) mantêm a cúpula colorada em estado de inércia. Uma decisão de “afogadilho", seu Emílio, deveria ser a completa varredura dos que nada entendem e que querem, à base do discurso “reticente e de novidade inconsistente”, como diria Herbert Vianna, enganar o torcedor colorado. Está nascendo uma nova corrente filosófica, os “enganistas". Paixão não falava somente do grupo de jogadores, pelo visto.

Rodrigo Rocha

Imagem: Portal Besoccer

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